sexta-feira, 19 de junho de 2009

6 - Ondas Azuis

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Lia nasceu em Corumbá, cresceu em Três Lagoas MS, morou em Campinas, São Paulo, Paris e Fortaleza. Hoje a filha nada pródiga volta a casa trazida pela Doença.

Lia é uma mulher inteligente, carismática, viajante inveterada, classe média, média, parece intelectual, mas é apenas bem informada, autodidata, desorganizada, às vezes intolerante, mas ama literatura, sempre sonhou em ser uma escritora, trabalhar com textos, com palavras. Em 1982, deixou o curso de Letras e foi para Paris, a convite de uma amiga, ali onde, para ela, se respira literatura.

Mas antes das palavras vieram as imagens: trabalhou dois anos com fotografia, não pôde recusar o salário, fez cursos de francês e literatura e voltou-se para a tradução. Era uma maneira de estar com as letras. Não podia viver com o que escrevia, mas poderia sobreviver com o que traduzia.

Em fevereiro de 1982, havia conhecido, no restaurante universitário de Paris, Gabriel, um mexicano, mestre em economia pela Sorbonne, mas também apaixonado por línguas e culturas diversas. Amor à primeira vista. Passaram a viver juntos e desde que ela deixou de trabalhar com fotografia, passaram a traduzir juntos também.

Cinco anos depois vieram para o Brasil onde, decididos a continuar traduzindo abriram, junto com uma amiga escritora, uma microempresa de traduções, textos diversos e editoração. A empresa continua aberta. Gabriel é hoje intérprete reconhecido e recomendado. E Fernanda é uma escritora com fôlego e talento.

-Ambos, são os pilares do que eu sei hoje, relembra Lia. Só que a doença cortou meu voo ao meio. Entretanto, os distúrbios de nossos movimentos não devem bloquear o movimento de nossos sonhos.
_ Eis-me aqui a escrever. Sobre Parkinson, mas com muito prazer, arremata.



wilmamonteiro@terra.com.br


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Revisou: Caíque Rodrigues

3 comentários:

  1. Não vou dizer que estou surpreso, não seria verdade... Mas estou feliz por te ler assim, solta, coerente, sensível...
    Beijos...

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  2. Wilmita estou gostando muito de te ler. tua prosa prende a gente e frases como esta....

    Entretanto, os distúrbios de nossos movimentos não devem bloquear o movimento de nossos sonhos.

    ... valem !!!

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  3. OLA
    WILMA
    ENCONTREI SEU BLOG.....neste nosso mundo parkinsoniado e AS ONDAS AZUIS ME TROUXERAM AQUI.. Fiz em maio uma performance com um veu, representando as ONDAS AZUIS POIS ASSIM ME SINTO.. como uma onda, as vezes la em cima outras ca em baixo, depois de 12 anos de diagnostico. Usei para a performance a musica ONDEIA, cantada por Dulce Pontes;
    Que prazer visitar seu blog
    Estou na FR no momento, visitando filha e neta, em Lyon, retorno ao BR no inicio de Setembro.
    um bom abraco

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